ANGEL

ZUZU

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100 ANOS DE

Por: Gabriel Monteiro
Fotos: Instituto Zuzu Angel

Em 2021, Zuzu Angel comemoraria 100 anos de vida. Porém, este ano marca também os 45 que se passaram desde que ela foi morta pelos governantes deste país — os mesmos que lhe tiraram o filho.

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Até o ano de 1970, Zuzu Angel era conhecida pelas estampas alegres de pássaros, flores e papagaios. A partir de 1971, porém, ela se torna também a ativista corajosa que denunciou ao mundo as barbaridades do regime militar.

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Zuleika de Souza Netto, nasceu em 5 de junho de 1921, em Curvelo, interior de Minas Gerais. Foi criada em Belo Horizonte, onde começou a trabalhar como costureira para amigas.

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Ela também fez parte da Fundação Pioneiras Sociais, onde costurava uniformes. O exercício logo virou profissão e as suas saias balonê passaram a despontar como a preferida entre as mulheres da elite mineira.

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Tempos depois, ela conheceu o estadunidense Norman Angel Jones, com quem se casou, em 1943, viveu até o ano de 1960 e teve três filhos: Stuart, Hildegard e Ana Cristina Angel Jones.

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Zuzu chegou a se mudar com a família para Salvador, na Bahia, e esse encontro com uma cultura afrobrasileira tão pulsante só ampliou o seu olhar em relação ao país.

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Mais tarde, quando se mudou para o Rio de Janeiro, ela se estabilizou, criando os seus três filhos sozinha e costurando na casa que era também o seu ateliê. O espaço ficou conhecido como Zuzu Saias, uma alusão a sua peça tão desejada.

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Enquanto outros estilistas daqui só pensavam em reproduzir o que viam na Europa, Zuzu se se debruçava sobre as riquezas nacionais. Estavam presentes em suas coleções o folclore, a chita, o rendão, os babados, as fitas e os fuxicos.

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Curiosamente, o seu nome começou a repercutir melhor no exterior do que por aqui. As estrangeiras que chegavam ao Rio de Janeiro não deixavam de passar em seu ateliê domiciliar.

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E, assim, Zuzu alcançou uma clientela invejável que contava com Yvone de Carlo, Joan Crawford, Kim Novak, Margot Fonteyn, Liza Minnelli, além das modelos Verushka e Jean Shrimpton.

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Em 1970, ela foi convidada pela Bergdorf Goodman para apresentar uma coleção em Nova York. No desfile, inspirado em Maria Bonita, ela apresentou vestidos de algodão colorido, rendas do norte e várias referências ao cangaço.

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A carreira de Zuzu no exterior ascendia, enquanto, no Brasil, o tempo escurecia com a política do horror, imposta pela Ditadura Militar. Stuart, seu filho mais velho, um opositor ao governo da época, era perseguido.

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Em 1970, o estudante de economia e bicampeão carioca de remo sumiu. Ele entrou para a chamada lista de desaparecidos políticos, que continha nomes de militantes presos. Mas, na verdade, havia sido torturado e assassinado.

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Encontrar Stuart virou a maior obsessão de Zuzu. Ela bateu de porta em porta nos quartéis, apelou para todos os órgãos de segurança, suplicou pelo filho desaparecido com políticos e fez denúncias à Anistia Internacional.

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No ano seguinte à morte de Stuart, Zuzu realizou um desfile-protesto em Nova York, mais especificamente na embaixada brasileira. Foi a maneira que encontrou para se fazer ouvida.

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Seus reconhecíveis vestidos fluidos, sempre tão alegres, trouxeram imagens de tanques de guerra, pássaros enjaulados, manchas vermelhas, aves pretas e anjos entristecidos.

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Zuzu foi costureira e ativista. As duas coisas juntas. Tanto, que passou a ser procurada pelos parentes de outros militantes desaparecidos (e mortos pelo regime militar).

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Sabendo que era perseguida, Zuzu deixou um documento com conhecidos caso algo suspeito lhe acontecesse, afirmando que certamente esta teria sido mais uma obra dos assassinos de seu filho.

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Na madrugada de 14 de abril de 1976, Zuzu dirigia seu carro quando outro veículo não identificado a fechou. Ela perdeu a direção, bateu em uma mureta e capotou para fora da pista. A costureira, mãe e ativista, morreu na hora.

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Saiba mais sobre a história de Zuzu Angel aqui.