Por: Caio Delcolli Fotos: Getty Images e Reprodução
Em 1990, Madonna estava no topo do mundo. A cantora viajava com a turnê Blond ambition, que inovou o formato de shows de música pop e foi permeada por controvérsias sexuais e religiosas. O documentário Na cama com Madonna, que completa 30 anos neste mês de maio, mostra os bastidores.
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Na turnê, Madonna divulgou os discos Like a prayer e I’m Breathless, trilha-sonora de Dick Tracy (1990) e que trazia o hit “Vogue”. Usando corset de Jean Paul Gaultier, ela se transformou em um fenômeno. E o filme, dirigido por Alek Keshishian, foi crucial para que isso acontecesse.
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Lucy O’Brien, biógrafa de Madonna, diz à ELLE que Blond ambition marca o crescimento artístico da cantora. “A turnê foi pioneira ao mostrar que o pop poderia ser um espetáculo gigante, criativo e erudito”.
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“Eu sei que não sou a melhor cantora e dançarina, mas não tenho interesse nisso. Quero ser provocadora e política”, disse Madonna na época. E não faltaram polêmicas na turnê.
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A cantora simulava masturbação na performance de “Like a virgin”, o que quase a fez ser presa em Toronto. O filme mostra a tensão nos bastidores, a escolha de Madonna de não alterar a performance e ela cuspindo no chão diante de um policial enquanto caminha em direção ao palco.
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E não foi só isso. Em Blond ambition, Madonna usava a iconografia católica em faixas como “Like a prayer”, em que ela rejeitava se submeter aos dogmas cristãos e do patriarcado. O Papa João Paulo II fez uma campanha de boicote à turnê, chamando-a de “o show de rock mais satânico da história”.
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Na cama com Madonna foi uma jogada radical, diz O’Brien, porque até então, o backstage de uma turnê do pop nunca havia sido mostrado – ainda mais com registros diários, em estilo confessional e fotografia em preto-e-branco. As cenas de performances no palco, por outro lado, são coloridas.
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O documentário registra a relação maternal dela com os dançarinos e a defesa que ela fazia do sexo seguro em meio à epidemia de Aids. Em uma cena, dois dançarinos se beijam na boca, e em outra, Madonna simula sexo oral em uma garrafa d’água. Foi um escândalo.
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Em outras cenas, Madonna não é necessariamente uma heroína do feminismo, O’Brien pondera. A cantora ri da maquiadora que relata ter sido estuprada na noite anterior e nada faz em relação à homofobia do único dançarino heterossexual. Madonna aprovou a permanência dessas cenas no corte final.
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Anos depois, o documentário Strike a pose (2016) mostrou a vida dos dançarinos após a turnê e abordou o processo que Oliver Crumes, Kevin Stea e Gabriel Trupin moveram contra Madonna. Trupin alegou que a cena em que ele e Salim Gauwloos se beijam foi usada contra sua vontade.
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Na cama com Madonna tornou-se sucesso de público e crítica. Na estreia no Festival de Cannes, a cantora usou uma variação do corset cônico de Gaultier. O filme causou burburinho com as cenas em que a pop star faz investidas em Antonio Banderas, diante da esposa dele.
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Hoje, Na cama com Madonna é visto como um preâmbulo da era de reality shows sobre a vida de celebridades e pioneiro no filão dos documentários de pop stars, como os de Lady Gaga, Beyoncé, Taylor Swift e Billie Eilish, com seus conflitos e contradições.