Por: Guilherme de Beauharnais Fotos: Getty Images e Divulgação
Hoje, os centímetros (ou metros) entre a barra de uma peça e o chão já não têm tanta importância. Mas se liberdade é a palavra da vez, a minissaia tem muito a ver com isso.
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Seu surgimento, entre as décadas de 1950 e 60, está atrelado a uma série de mudanças socioculturais. Ícone da juventude londrina, o item foi um ato de libertação e rebeldia contra uma geração de adultos conservadores.
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Nascidos após o fim da Segunda Guerra Mundial, os primeiros baby boomers alcançaram a juventude nos anos 1960. Profissionalmente, esses jovens não se viam trabalhando nos mesmos moldes nem sob os mesmo valores de seus pais.
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Tendo acompanhado a chegada do homem à Lua e a dos anticoncepcionais nas farmácias, a peça cobriu distâncias sociais e culturais infinitamente maiores do que seu comprimento.
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A origem da minissaia é um tanto incerta. Mary Quant já havia começado a experimentar com o comprimento em 1958, mas as primeiras manifestações expressivas do item só vieram na década seguinte.
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Barbara Hulanicki, fundadora da Biba, foi uma das criadoras que ajudaram a tornar a peça um ícone londrino. A dupla Sally Tuffin e Marion Foale também fez parte do fenômeno, abrindo uma loja na concorrida Carnaby Street.
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Em Paris, o responsável por popularizar o estilo foi André Courrèges, com sua coleção Garota Lunar, em 1964. Por lá, Paco Rabanne também explorou o comprimento, com sua coleção Body Jewellery, de 1966.
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Também em 1966, Mary Quant foi agraciada com a Ordem do Império Britânico por suas contribuições para a moda inglesa – e foi à cerimônia formal com um minivestido.
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O ano de 1969 marcou o auge da minissaia. Mas o encurtamento obsessivo da peça atingiu ponto de saturação fashion e o retorno de saias e vestidos mais longos se mostrou a melhor alternativa.
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A mudança tem a ver com as variações de humores e valores sociais. A obsessão jovem e a revolução sexual haviam se expandido para além da imagem do corpo magro e exposto.
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A partir dos anos 1970, o item foi incorporado ao estilo dos punks, que combinavam a peça com meias-arrastão, jaquetas de couro, camisetas rasgadas e penteados rebeldes.
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As minissaias também fizeram parte do power-dressing dos anos 1980. O estilo, marcado pela alfaiataria, definiu a presença feminina no ambiente corporativo. Por isso, as saias passaram a acompanhar constantemente meias-calças opacas.
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Yves Saint Laurent explorou o visual na coleção de alta-costura de inverno 1987, repetindo o comprimento no desfile seguinte. Modelos similares também começaram a ser vendidos na Saint Laurent Rive Gauche.
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Na década de 1990, comprimentos maiores voltaram a ter preferência nas passarelas, mas ainda era possível encontrar uma minissaia presente aqui ou ali. É o caso do desfile da primavera 1995 da Chanel, idealizado por Karl Lagerfeld.
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Em 2000, Paris Hilton posou para o fotógrafo David LaChapelle usando uma microssaia com fenda lateral. Hilton afirmou sua juventude rebelde na sala da casa dos avós e decretou o retorno da peça em questão. That's hot!
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Na década seguinte, comprimentos curtos sofreram com a tendência de peças confortáveis, com modelagens mais largas. Grandes casas de moda, como a Gucci, também abandonaram a minissaia em prol de estilos retrôs.
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Nas últimas temporadas, contudo, a presença da minissaia foi expressiva. Chanel, Saint Laurent e até a Dior, mais conhecida pelos comprimentos mídi da saia do New Look, apresentaram versões da peça.
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