"SUJEIRA"?

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Mostramos como a destruição e o lixo rondam o estilo há mais tempo do que você imagina.

Ela existe e não
é de hoje.

MODA E

Texto: Pedro Diniz
Fotos: Divulgação e Getty Images

Mais uma vez a Balenciaga causou polêmica. As imagens da linha Paris Sneakers traziam tênis tão maltratados que foram comparados a lixo nas redes. Foi uma jogada de marketing da grife, que vai vender sapatos sujos, mas em versões, digamos, mais limpinhas, com preços que chegam a US$ 1.850.

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Mas ela não é a única entre os medalhões do luxo. A Gucci lançou, em 2019, o Screener Sneaker.
O modelo recebeu um efeito lixado que simula a sujeira impregnada pelo tempo nas partes brancas do calçado. Quem preferiu não esperar os pares se desgastarem naturalmente pagou US$ 890 pela ideia.

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Quem reina nessa lógica de transformar os tênis em algo próximo ao lixo é a Golden Goose. A grife veneziana tem especialistas em destruir peças de forma calculada. O couro é amolecido e o desgaste do tempo não se sobrepõe ao de fábrica. Luxo ao lixo levado à risca.

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Foi Vivienne Westwood, porém, quem transformou descarte em moda. No início dos 1970, ela colou ossos de galinha na camiseta “Chicken Bone” (foto). Depois, rasgou calças, detonou as peças e cimentou a interseção de moda e música perpetuada ao longo das décadas.

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O visual cruzou o Atlântico e foi parar nos pés da banda seminal do punk americano. O Ramones deu fama aos tênis All Star, da Converse, nos primórdios do movimento em solo estadunidense, ainda nos 1970. O desgaste natural dos tênis combinou com a sujeira musical da banda.

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Vivienne Westwood revisitou o tema lixo/estilo décadas depois, com uma abordagem sustentável. A Ethical Fashion Africa Collection, lançada em 2011, iluminou o descarte na confecção de moda e a nova expressão “trashion”, acrônimo de trash (lixo) e fashion (moda).

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É que, para além do visual podrinho,
o “trashion” questiona o despejo de bilhões de toneladas de lixo no planeta. Neste ano, rodou o mundo a imagem do deserto do Atacama, no Chile, tomado por resíduos têxteis. O cemitério de roupas é um dos monstros da indústria. E há várias marcas pensando nisso.

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Como a Kitecoat, grife carioca que recolhe equipamentos de kitesurf para criar jaquetas com uma qualidade corta vento. Nos Estados Unidos, o estilista Zero Waste Daniel ganhou notoriedade ao levar para seu ateliê todo o lixo coletado em fábricas de Nova York.

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É tudo uma questão de gosto e de quanto alguém está disposto a pagar pela sujeira. Os fãs da vegana Vert Shoes, por exemplo, nova queridinha da moda, preferem deixar o tempo surrar a peça para exibir o desgaste como elemento natural do ciclo de vida do vestuário.

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Em resumo, o lema hoje é mesmo usar qualquer peça até o pó. Se a ideia é acelerar esse processo, a Balenciaga e toda a roda do fast-fashion, que deve estar correndo para copiar o estilo, já sabem: dá para comprar o efeito – ou defeito – direto da fábrica. Sujou!

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