Por: Vivian Whiteman e Clara Novais Fotos: Getty Images, Unsplash e Reprodução Instagram
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Em seus 41 anos de vida, Virgil Abloh deixou uma herança mais valiosa do que qualquer peça de roupa para a moda. O designer faleceu no último domingo, acometido por um tipo raro de câncer no coração.
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Filho de imigrantes ganeses, ele nasceu em Chicago, nos Estados Unidos. Sua mãe era costureira e proporcionou suas primeiras lições de moda. No entanto, realizando o sonho de seu pai, acabou por cursar engenharia civil e fez mestrado em arquitetura.
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Formou-se em arquitetura em 2006. Três anos mais tarde, casou-se com sua companheira que conheceu ainda na escola, Shannon Sundberg, e iniciou um estágio na Fendi ao lado de Kanye West.
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A dupla havia se conhecido em 2002, após o designer Don C descobrir seu talento artístico em uma gráfica e introduzi-lo ao círculo de Yeezy (apelido de West). Depois disso, tornaram-se parceiros de trabalho inseparáveis.
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À época, outras casas como Louis Vuitton, Nike e Fendi também chegaram a trabalhar com Virgil. Em 2010, ele assumiu oficialmente o título de diretor criativo da Donda, agência de conteúdo de Kanye.
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Seu primeiro grande projeto foi a direção de arte do álbum Watch the throne, parceria do amigo com Jay-Z. Esse trabalho lhe rendeu uma indicação ao Grammy e a chance de enfim adentrar por si mesmo no círculo comercial e social do hip-hop.
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Em 2012, o designer fundou sua primeira marca, a Pyrex Vision, na qual customizava roupas de outras etiquetas. As peças começaram custando cerca de 40 dólares, mas rapidamente passaram a ser vendidas por 550 dólares.
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A mudança causou polêmica, mas durou um ano. Segundo Virgil, era para ser um experimento artístico e não uma empresa.
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Foi na Donda que ele conheceu os designers Matthew Williams e Justin Saunders, com quem criou o coletivo de DJs Been Trill, em 2013. O merch deles fez tanto sucesso que passou a ser encarado como marca de roupas, usada por várias celebridades.
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Sua real ascensão no mundo da moda veio com a criação da Off-White, sua pioneira grife de streetwear de luxo, em 2013, em Milão. A estreia na semana de moda de Paris foi logo no ano seguinte, com as coleções feminina e masculina.
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Em 2015, a Off-White é nomeada finalista do prêmio LVMH, tornando Virgil o primeiro estadunidense a alcançar esse feito. Logo depois, surgiram diversas parcerias com outras marcas, desde itens de decoração até embalagens de fast-food.
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Em 2018, foi nomeado diretor artístico de moda masculina da Louis Vuitton, sendo o primeiro estilista negro a ser contratado tanto pela maison para um cargo de chefia, quanto pelo conglomerado da qual faz parte, LVMH.
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O designer não opinava somente em suas criações, recentemente foi chamado a estender sua visão criativa aos demais empreendimentos do grupo. Nesse sentido, a LVMH precisava muito mais dele do que o contrário.
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Ele retomou o streetwear e disse: isso que vocês querem foi criado por negros e está sendo renovado por um designer negro e seus parceiros. Sempre foi extremamente cool e criativo, não importa o que vocês tenham ouvido dos brancos.
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Visionário, ele deixou o legado da possibilidade ao mostrar que esse é o único fator que afasta um homem negro de um cargo como o seu. De suas contratações e shows aos projetos para apoiar artistas e criadores negros, de suas escolhas estratégicas aos fundos para financiar bolsas de estudo.
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Virgil foi um homem com um plano. Não o definitivo, não o sem defeitos, mas o dele. Em termos do que se pode fazer na moda, um dos mais bem-sucedidos da história.