"A moda é importante para a expressão de um estilo, mas também para um entendimento mais profundo de quem somos. Assim, ela está intimamente ligada a outras formas de arte – é possível criar uma peça de roupa ou acessório a partir de um texto ou uma música", diz Verena Smit, multiartista que ganhou as redes sociais com suas obras que misturam, principalmente, texto e fotografia. É justamente a partir dessa conexão que nasce a Meisterstück Collection, nova coleção de acessórios da Montblanc, que conta com bolsas, pastas e carteiras. Aqui, a ligação entre a escrita e a moda é celebrada com peças de design elevado, que têm o nib (a pena da caneta-tinteiro) como inspiração – ele é traduzido nos zíperes vintage e na aplicação no couro.
Conteúdo apresentado por MontBlanc
Verena Smit apresenta a nova coleção de acessórios de couro da Montblanc
Inspirada pelas peças da Meisterstück Collection, a multiartista fala sobre sua conexão com a escrita, a fotografia e a moda.
A escrita também é a base dos trabalhos desenvolvidos por Verena. "Eu tenho muita dificuldade de lidar com as minhas questões a partir da fala, então eu escrevo. É a forma que eu encontrei de expressar meus sentimentos", conta. Apesar de ter começado a escrever aos 14 anos, foi na faculdade de cinema e, depois, na de fotografia, que a paulistana passou a usar diversas linguagens artísticas para construir suas narrativas. "Comecei a misturar texto e imagem. Entendi que a escrita também é um desenho. Tudo isso já existia dentro de mim, mas foi se transformando e tomando forma a partir dessas minhas experiências. Foi um processo muito natural".
Apesar de desenvolver diversos tipos de projetos, foi através da sua sensibilidade em brincar com o sentido das palavras que Verena ganhou destaque na internet. "Eu tinha uma máquina de escrever e comecei a colocar palavras no papel e perceber que, se eu riscava uma letra, elas viravam outra coisa. É impressionante como elas são universais e elásticas. Elas te abraçam e te confortam, mas também podem te repelir, e isso tem uma força gigante". Justamente por ter como ponto de partida algo que está tão presente no nosso dia a dia, o processo de criação da artista é fluido e múltiplo. "A inspiração vem de todos os lugares. As palavras estão aí, é só prestar atenção. Porém admito que às vezes é um processo exaustivo, porque eu estou o tempo todo observando o mundo."
Entre tantas referências, Verena não nega a forte influência que a internet exerce sobre seu trabalho. "Eu cresci entre o analógico e o digital e sinto que preciso dessas duas coisas. Eu comecei a divulgar meu trabalho online há quase 10 anos e as redes sociais se tornaram quase como um diário. Eu só fui fazendo o que me nutria, mas percebi que as pessoas também se identificavam. Eram coisas muito pessoais, mas que também eram do outro, e isso me trouxe certo conforto. Quando eu coloco uma palavra ali, ela também faz parte da vida de quem lê, assim como faz da minha. O que eu sinto, todo mundo pode sentir".
O analógico entra principalmente no desenvolvimento das suas obras, que são feitas no caderno, com caneta na mão. "O exercício da escrita é sempre muito rico para mim. No computador, você escreve e apaga – assim, nunca percebe o erro, e errar é importante. À mão é tudo mais solto e as falhas estão ali, não dá para simplesmente deletar. Esse processo é muito mais interessante", comenta. O objetivo da artista, que acaba de abrir uma exposição na Espanha, é cada vez mais extrapolar os limites da internet: "Eu acho o digital incrível, porque ele me conecta com pessoas de todos os lugares. Mas a rua também tem um mecanismo muito poderoso: você coloca seu trabalho ali e não tem nem ideia de quem viu. Existe uma força muito grande em jogar as coisas no mundo assim".
Créditos: foto 1 - colete Ricardo Almeida e calça Uma; fotos 2 e 7 - vesido Uma; fotos 3 e 4 - vestido Anselmi e botas Arezzo; fotos 6 e 7 - camisa Ricardo Almeida, calça Misci e botas Arezzo