“Foram vários momentos únicos e divertidos que eu passei, tanto na Sapucaí quanto no Anhembi.
Teve um ano que eu estava praticamente pronta para entrar na avenida. A Vila Isabel desfilava cedo. Como rainha da bateria, vou antes para a concentração. E a minha fantasia era inteira de ferro, dourada. Era uma guerreira, uma gladiadora. E a fantasia arrebentou no meio. Estava com o (maquiador) Henrique Martins, (o diretor criativo) Giovanni Bianco, (o personal stylist) Yan Acioli e todo mundo ficou sem reação. O Giovanni rapidamente tirou a fantasia do meu corpo e saiu correndo, procurando ajuda. E a gente ficou esperando no meu camarim. E aí ele conseguiu um soldador, pintamos (a solda) com um esmalte dourado. (risos) Cheguei linda e maravilhosa para sambar em frente da bateria e ninguém percebeu.
Também na Vila, teve um ano que eu desfilei de Cisne Negro. Inventei uma asa com o Henrique Filho, que faz minhas fantasias há muitos anos. Ela tinha 3 m, 12 kg e abria e fechava por um controle remoto na minha mão. E eu fui para o povo, para o setor 1 e era muita gente me agarrando, me beijando – eu adoro a energia do público. E eu sacudia a asa, abria, sambava. Todo ano, tenho a sorte e a felicidade de desfilar ao lado do Martinho da Vila e da Mart’nália. Nesse ano, logo após o setor 1, no primeiro recuo, minha asa baixou e não subia mais. (risos) A Mart’nália me ajudou, fiquei lá sambando, dando entrevista para a Globo, sem a asa. Na época, namorava o João Vicente (de Castro, ator), que foi buscar a asa reserva – sempre tenho algo reserva – no camarim. A gente colocou essa asa, que era bem mais leve, e deu tudo certo.
Já passei momentos na Gaviões de a fantasia arrebentar e eu desfilar com a mão no peito. Ou de desfilar depois de ser mãe, com o peito cheio de leite, parecendo que vai explodir. Tive que tirar leite antes de entrar na avenida e depois saí correndo para tirar porque estava vazando, esguichando para todos os lados. A Zoe (filha de Sabrina) tinha 2 meses e meio.
Houve momentos de muita emoção nos ensaios, no meio da quadra, na rua, na avenida que eu vou levar para a vida. O ano que a Vila foi campeã foi lindo, único, maravilhoso. Fomos muitos felizes na avenida, sempre, claro, com os perrengues, mas deu tudo certo. Me emocionei demais, chorei muito, sambei demais.
Eu sou muito grata a todo povo do samba no Rio, em São Paulo, em todo o Brasil, já que sou uma filha do coração, adotiva, porque sou caipira, sou japonesa. E eu me encontrei porque Carnaval é alegria. É você colocar seus sonhos, suas fantasias para fora. Sou grata por todas as histórias e só estou começando, pois vou viver muitas e muitas histórias de Carnaval ainda.”
Foto: Divugação/Paulo Troya