"Estou fingindo que não sou a Luísa Sonza, sou só a Luísa"
Luísa Sonza fala sobre os efeitos da cultura hater em sua vida pessoal. É um relato tocante, mas é também uma exposição corajosa, uma espécie de manifesto contra a misoginia nas redes.
Por Angelica Santa Cruz
Fotos: Vivi Bacco
Vídeo: Fabricio Barreto
A cantora gaúcha Luísa Sonza tem 22 anos, um jeito meio infantil de focar os olhos quando presta atenção no interlocutor e uma carreira com conquistas cintilantes. Sob qualquer ângulo que se olhe, é hoje um fenômeno da cultura pop. Juntas, suas músicas somam 1 bilhão de reproduções no Spotify. Nas redes sociais, acumula 32 milhões de seguidores – contando Instagram, YouTube e Twitter. É um patrimônio que ela juntou usando sua voz límpida, um ótimo faro para o marketing e um jeito abusadão, típico das garotas que mandam ver reafirmando o poder feminino.
Com letras poderosas, desbocadas e confessionais – e com coreografias com bundas orgulhosas e onipresentes –, ela de maneira geral segue a trajetória clássica de uma diva pop dos nossos tempos. A não ser por uma diferença: Luísa Sonza é uma personagem com uma textura a mais, porque, nos últimos anos, concilia seu sucesso retumbante com os efeitos destruidores da cultura hater, os odiadores que tocam o terror no mundo digital. É um dado de sua carreira que já causou muito estrago em sua vida pessoal, mas saiu do controle no começo deste mês, quando ela recebeu um ataque em massa de mensagens de ódio que a responsabilizavam pela morte do bebê prematuro de seu ex-marido, o humorista Whindersson Nunes, com a atual noiva, a estudante de engenharia Maria Lina. Em áudios e por escrito, em público e em particular, centenas de mensagens a chamavam de assassina, ameaçavam sua família de morte com detalhes grotescos, enfileiravam xingamentos. Luísa desmoronou. Sentada no chão de seu quarto, postou um vídeo no Instagram aos prantos, implorando pelo fim dos ataques. Dias depois, anunciou que se afastaria das redes sociais por tempo indeterminado e foi se refugiar com o namorado, o cantor Vitão – que também sofreu ameaças –, no México. Ela ainda adiou o lançamento de seu novo álbum, o segundo de sua carreira, cujo nome revelamos com exclusividade nesta entrevista. O disco, que vai ser dividido em Lado A e Lado B, se chama Doce 22 e virou até tatuagem no dorso de sua mão esquerda. Mais adiante, ela explica essa separação e as referências musicais que aparecem nele.
Luísa aceitou o convite para fazer as fotos para ELLE dias antes dos ataques e do detox das redes. Na entrevista a seguir, feita pelo Zoom, ela fala pela primeira vez sobre o episódio – e detalha a maneira como sua convivência de anos com ataques resultou em um gigantesco massacre de reputação e deixou sequelas em sua saúde mental e na de quase todos à sua volta. É um relato emocionado, triste. Mas é também uma exposição corajosa, uma espécie de manifesto contra a misoginia e a violência nas redes.
Aos 22 anos, você já é uma espécie de pós-doc no tema exposição x vulnerabilidade. Mas nas últimas semanas a vulnerabilidade se escancarou, com um nível de ataques fora de controle. Como foi a escalada dos haters na sua carreira?
Comecei a cantar com 7 anos, trabalhei por uma década em uma banda que tocava em casamentos e, depois disso, quis fazer cover no Instagram, só com voz e violão. Deu supercerto e rapidinho consegui fechar contrato com uma gravadora. Aí o Whindersson me encontrou na internet e a gente gravou umas coisas juntos. A partir desse momento, o hate já veio. Nessa fase, as coisas eram assim: “Quem é essa puta, vagabunda, interesseira?” Depois, quando o namoro começou, a coisa piorou. Eu tinha 17 anos, era uma menina de uma cidadezinha do interior com 8 mil habitantes, que não sabia nem onde nascia o Sol. E do nada veio um monte de gente falando coisas horrorosas.
"Eu durmo com a consciência limpa todos os dias e estou sempre sendo contestada e indagada. É um eterno tribunal."
Como você lidou com isso, nesse primeiro momento?
Ali foi o primeiro baque que levei e que já começou a afetar também a minha família – imagina para um pai e uma mãe escutar essas coisas absurdas. Eu fui levando, sem saber direito como lidar com tudo e meio que sozinha, perdida, mas querendo muito continuar o sonho que tinha desde criança, de ser cantora. Dois anos depois, a gente casou e os ataques continuaram. Agora, diziam que eu ia engravidar para ficar com o dinheiro dele. Olha, acho até engraçado isso, porque é tão... Nossa, é insano! Eu estava com 19 anos, não me sentia preparada para ser mãe e começaram a perguntar se a gente ia ter filhos. Mas, justamente porque diziam que eu planejava engravidar e dar um golpe, comecei a responder que não queria. Aí começou: “Vagabunda! Ela não quer engravidar e dar um filho pra ele”. Olha o nível: era meu dever dar um filho a ele. O filho não seria meu, né? Enfim... Eu tentava me defender e me moldar, mas tudo o que eu fazia era imediatamente usado contra mim. É uma coisa que não tem fim, não tem escapatória. Tive muitos gatilhos e momentos difíceis, mas não tinha muito para quem expor e comecei a fazer terapia.
E como foi a fase seguinte, a da separação?
Aí, quando a separação veio, minha amiga... Aí eu não sei nem o que dizer. Eu não estava preparada, óbvio, porque eu não imaginava que as pessoas chegariam ao ponto de inventar tanto em cima de uma história que é muito simples: o meu casamento acabou, eu fiquei solteira, me envolvi com outra pessoa e comecei um novo relacionamento. Criaram uma novela que saiu completamente do controle. Primeiro decidiram que eu dei um “pé na bunda” e “traí” meu ex-marido. Segui na minha vida como sempre fiz, lancei música, fiz clipe com vários artistas, inclusive com meu novo namorado, Victor. Mas aí disseram que, além da tal traição, meu atual namorado e meu ex-marido eram amigos – e eles se viram acho que duas vezes na vida. Inventaram o tal comentário “Meu casal”, um print fake bizarro de uma coisa que nunca existiu (Vitão teria comentado “meu casal” em uma foto de Luísa e Whindersson publicada no Instagram, em 2019). Viralizou, virou meme e até pessoas famosas ficaram brincando com isso. Quando lancei o clipe Flores, em que contraceno com o Victor, fizeram uma grande campanha para dar dislikes no YouTube. A minha equipe queria esconder, mas eu falei: “Vamos deixar pro Brasil todo enxergar o que estão fazendo com uma mulher que só está fazendo o seu trabalho!” Hoje, ele é um dos clipes com maior número de dislikes do mundo (são 5,5 milhões), por isso achei que já era a pior coisa que poderia acontecer. Mas aí foram bem mais embaixo. Agora me chamaram de assassina. Isso vai além de qualquer coisa. Nesta entrevista, é a primeira vez que estou falando sobre isso com alguém, fora com a minha terapeuta e com meu psiquiatra, óbvio. Porque, olha, toda vez que entro nesse assunto, minha cabeça se perde. Eu não sei... Na maioria das vezes, eu fico apática...
Como essa violência sai do âmbito virtual?
Em coisas que vão muito além de hater de internet. Já atiraram objetos no Victor em shows. Se ele aparece na rua, as pessoas começam a gritar: “Meu casal!” Ele perdeu campanhas publicitárias porque aonde chegava era atacado e boicotavam as marcas, com comentários nas redes sociais. E muito mais grave: já fizeram ameaças de morte, muito fortes, a ponto de ele ter que cancelar shows por medo de tomar um tiro. Minha família começou a lidar com isso, minha irmã pequena e meu pai morrem de medo hoje em dia. E eu, com ansiedade, ataque de pânico e depressão, antes conseguia controlar só com terapia, mas agora passei a tomar remédio. E são ataques diários. A gente foi ameaçado de morte real, entende? Agora a gente está tendo que tomar medidas, como se esconder e não poder andar na rua. Isso dói muito. Eu não posso amar, não posso ter outra pessoa, não posso ser feliz. A pessoa que está comigo paga o preço de uma história minha antiga, com a qual ela não tem relação alguma – na vida pessoal e na profissional, porque ele também tem uma carreira artística. Eu jamais poderia esperar que chegasse a esse ponto. Isso não tem justificativa. Ainda mais numa questão em que não existe nada. É tudo uma grande invenção das pessoas.
Esses ataques contribuíram para o fim do seu casamento e chegam a abalar o seu namoro agora?
Vamos imaginar que você tenha um relacionamento e que o Brasil inteiro fique infernizando todos os dias. Você acha que vai prejudicar ou não? Por exemplo: eu e o Victor, a gente terminou por uma semana, agora esses tempos, porque não aguentou. A gente falou: “Meu Deus, a gente não vai ter paz. Será que a gente vai ter que terminar pra não ser atacado na rua?” Mas daí a gente não consegue ficar longe. É óbvio, prejudica. E prejudica o ser humano, qualquer um – se ele individualmente não está bem, afeta tudo. Você ser ameaçado de morte e ter seus dados vazados porque tem um relacionamento faz você pensar: “Nossa, será que eu deveria ter um?” No último Ano-Novo, a gente estava em um barco, isolados também por causa da pandemia, e sabe o que aconteceu? As pessoas começaram a passar em volta da gente, com outros barcos e de jet-ski. Chamaram o Victor de talarico. Gritaram: meu casal! Não dá para estar nem no meio do oceano que as pessoas acham um jeito de atacar. Então, sim, isso prejudica qualquer relacionamento, em qualquer momento da vida.
"Eu sou uma jovem de 22 anos, cria das redes sociais, uso como uma grande ferramenta de trabalho e ali realizo meu sonho de ter contato com meus fãs e de ver a minha música. É tudo junto. Mas não sei quando vou voltar a mexer na internet como era antes."
Falando um pouco de exposição. É comum ouvir pessoas dizendo que, ao optar por um estilo sensual e confessional, você automaticamente ativaria esse tipo de reação e, portanto, teria que topar pagar esse pedágio dos ataques. O que você tem a dizer a quem faz essa correlação?
Por um tempo, eu até pensei assim: vou continuar fazendo cover, só com voz e violão, porque talvez cantando uma música lenta vejam que sou legal. E algumas pessoas realmente dizem: “Esses haters fazem isso porque ela é muito sensual, faz músicas apelativas”. Não! Isso começou quando eu tinha 17 anos. Eu já recebia ataques violentos antes mesmo de ser uma artista pop que usa muito o corpo. Não importa o que eu faça, a culpa é sempre minha – do meteorito que acabou com os dinossauros na Terra até a depressão do meu ex-marido. Quando entendi isso, falei: “Quer saber? Vou fazer aquilo que acredito que seja incrível, que vai representar musicalmente o que quero passar”. Aí comecei a ser uma artista pop. E só uso esse termo porque acho que ele engloba o maior número de ritmos e, como venho de banda de casamento, cantei e gosto de todo tipo de música. Faço pagode, música lenta, R&B... Dentro do universo pop, também me realizo muito nessa parada sensual. Acho que me sinto liberta nisso – sou uma jovem de 22 anos, me acho uma gostosa e vou cantar o quanto eu sou maravilhosa! Também me sinto libertando outras mulheres para serem o que quiserem. E algumas pessoas não conseguem entender que é um trabalho, uma interpretação. Ou vocês acham que eu fico falando o dia inteiro que eu sou braba e esfrego na tua cara e quero transar o dia inteiro? Não, gente, é uma persona! Mas o fato é que há seis anos as pessoas inventam coisas bizarras sobre mim. Mesmo antes de fazer música pop, de fazer funk, de fazer clipes mais sensuais, eu já era taxada de todas essas coisas, simplesmente por, sei lá, ser mulher.
Isso tudo afetou de alguma maneira seu amor pela música?
O amor pela música, não. Tinha uma época em que, antes de sair de casa, eu tinha medo até de como me vestir e calculava como dizer “oi” para as pessoas porque poderia ser alguém que me odiava. E sinto medo de falar nas entrevistas. Então acabo também sentindo medo de não me expressar totalmente musicalmente, porque a música vem de uma maneira muito sincera e você acaba falando o que está sentindo. Eu acho que não consigo não ser muito verdadeira nas minhas letras. Falei sobre a minha bissexualidade, por exemplo, porque ficou muito inevitável não ter isso nas minhas letras e não queria ficar trocando “ela” por “ele” e não dizer o que queria. Então, a certa altura, cheguei a ter medo de começar a ficar me limitando artisticamente por causa do ataque das pessoas.
"Sonho muito que as pessoas prestem atenção no álbum inteiro. Nele, eu apareço dividida. No lado A, estou fortona e, no lado B, vou ladeira abaixo. Com quase 23 anos, estou colocando um pezinho na vulnerabilidade."
Como você decide quando é melhor se explicar e quando é melhor deixar quieto e esperar para ver se passa?
Eu sempre segui quieta. Odeio ficar me justificando porque não acho justo também. Eu durmo com a consciência limpa todos os dias e estou sempre sendo contestada e indagada. É um eterno tribunal. Eu pensava: não liga pra isso, você está na sua verdade, faz as suas coisas, acredita no teu. Achava que ia melhorar assim, mas aconteceu o contrário. Só piorou. E eu nunca falava que não tinha sido eu que iniciou o término do meu antigo relacionamento. Nunca quis expor a minha vida pessoal. Eu só queria trabalhar, fazer música, ter a liberdade de cantar, de amar uma pessoa que é tão incrível e não fazer com que ela tenha que pagar um preço que não é dela. Eu faço música desde os 7 anos, nasci pra isso. Não quero ser atacada na rua, não quero ver meu caráter sendo reduzido a nada, não quero que minha família sofra diariamente, não quero que meu namorado sofra sem ter culpa nenhuma, não quero que meu ex-marido sofra com isso também. Ninguém deve pagar esse preço por viver o seu sonho. Só que, depois desses últimos acontecimentos, dessas ameaças, ficou incontrolável. Eu venho há um ano postando um pouco sobre isso, dizendo parem, gente, eu não traí. Até que chegou um momento de desespero. Eu estava sentada no chão do meu quarto tendo uma crise, abri os stories e pedi para as pessoas pararem: “Parem! Eu não aguento mais!” E aí, desse jeito, acabei me pronunciando mais diretamente pela primeira vez.
O que aconteceu com você depois de gravar esse vídeo?
Por sorte, o meu assessor digital e a minha assessora estavam na minha casa no momento. Eu estava no quarto, eles abriram a porta e me tiraram do chão, com o celular nas mãos. Eles me acolheram naquela hora. Em um primeiro momento, fui afastada das redes sociais mesmo, porque estava em crise. E agora excluí todas elas do meu celular. A minha equipe é que fica olhando e me mandando várias mensagens carinhosas. Agora não estou com cabeça para lidar com a internet novamente. Preciso realmente cuidar um pouquinho da minha saúde mental. Estou há dias sem mexer nisso, com acompanhamento psiquiátrico e psicológico, e já me sinto bem melhor. Eu sou uma jovem de 22 anos, cria das redes sociais, uso como uma grande ferramenta de trabalho e ali realizo meu sonho de ter contato com meus fãs e de ver a minha música. É tudo junto. Mas não sei quando vou voltar a mexer na internet como era antes, aquela coisa todo dia, o dia inteiro, como uma jovem qualquer. Depois dessas últimas ameaças, não vejo mais sentido em ter que ver tudo isso. Preciso me cuidar para também tranquilizar a minha família. E tenho que pensar na minha equipe e na família do Victor. Sandra, a minha sogra, de um ano pra cá, viu o filho tendo o trabalho e o sonho prejudicados por nada. Isso ultrapassa qualquer coisa que eu já tenha visto. O que é isso? É uma coisa chocante? Desesperadora? Qual a palavra pra isso?
Você acabou adiando também o seu novo álbum, às vésperas do lançamento.
Ele seria lançado dia 22 de junho – eu soltaria a primeira divulgação no dia primeiro. Mas chegou um ponto em que tive que parar para processar tudo. É um álbum que escrevi e produzi. Um trabalho que levou 14 meses e que me fez crescer e me conhecer. Hoje estou mais consciente do que sou e do quero como artista. Foi um processo muito artesanal. Fiz questão de ter instrumentos orgânicos, por exemplo. Ele vai ter 28 instrumentistas, com violino vindo da Rússia e um dos melhores pianistas do Brasil. E também vai ter várias raízes minhas, do pop dos anos 2000, em uma homenagem estética ao universo Britney e Christina, à música nativista gaúcha, passando por rock e Elis Regina. Vai ter singles e clipes. Mas sonho muito que as pessoas prestem atenção nele inteiro. Nesse álbum, eu apareço dividida. No lado A, estou fortona e, no lado B, vou ladeira abaixo. Com quase 23 anos, estou colocando um pezinho na vulnerabilidade. Quando eu melhorar, ainda não sei quando, vou vestir a minha capa de Luísa Sonza, a persona, para lançar o álbum e as outras coisas, mas depois vou ficar um pouquinho afastada. Caso contrário, não vou aguentar. Agora estou um pouco triste ainda pra fazer isso.
O que você tem feito para se acalmar nesses dias, a que você recorre?
Não mexo nas redes sociais de jeito nenhum, porque ainda é um gatilho muito forte pra mim. Se eu abrir o Instagram agora, eu já vou ficar, sei lá, prefiro nem pensar como eu vou ficar. Estou tentando olhar o que eu sou diante dos meus olhos, e não diante dos olhos dessas pessoas. Estou fazendo muita terapia. E também estou fingindo que não sou a Luísa Sonza, sou só a Luísa! (risos). Ela é o meu maior amor, a minha carreira, esse personagem que construí. Mas agora ela precisa ficar um tempinho guardada lá no canto. E estou aqui num lugar lindo, com meu namorado e meus amigos. Se eu estivesse agora no Brasil, com o celular na mão, você ia ver outra Luísa, provavelmente respondendo a todas as perguntas aos prantos. Acho importante também dizer que as coisas pioraram e é muito triste que, por exemplo, dois jovens – o Victor tem 21 e eu tenho 22 – não possam andar nas ruas sem ser xingados. E, nesse momento, por causa das circunstâncias, a gente está falando só sobre o lado ruim da coisa. Mas a gente também recebe muito carinho, muito apoio dos fãs. Se não tivesse todo esse amor em contrapartida, não faria sentido nenhum eu estar aqui, depois de seis anos levando essas pauladas. A galera acha que não, mas foi bem aos pouquinhos que eu conquistei meu lugar com meu público e pretendo mostrar o meu trabalho mais e mais. As pessoas que me acompanham é que me dão vida. Ninguém aguentaria essa situação sem ter também uma imensa recompensa amorosa.