Esse Menino, Pequena Lo,
Samantha Schmütz e Supremmas em

Super-Heróis
do humor

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Samantha Schmütz como Super Sam

A atriz incorpora uma super-heroína que tem como poder a sua voz, algo que ela acredita que todas as pessoas que têm visibilidade deveriam aprender a usar.

"Tem muita gente com muita voz e alcance fingindo que nada está acontecendo. É uma pena, um desperdício, uma tristeza. Se tem uma pessoa na sua frente, você já tem poder de voz, então, eu jamais desperdiçaria isso".

"Tem muita gente com muita voz e alcance fingindo que nada está acontecendo. É uma pena, um desperdício, uma tristeza. Se tem uma pessoa na sua frente, você já tem poder de voz, então, eu jamais desperdiçaria isso".

Confira a nossa conversa com
Samantha Schmütz

Como o humor entrou na sua vida?

O humor sempre foi muito presente na minha vida porque é uma coisa de família, é uma herança que vem do meu avô, que já era superpiadista. Isso passou para o meu pai que, dos três filhos, com certeza foi o que absorveu melhor isso e por consequência me criou também através do humor. É uma herança, acho que está no sangue.

E como foi o começo da sua carreira artística?

Eu sou filha de uma bailarina, então, desde criança, vivia nos palcos vendo a minha mãe ensaiar, se maquiar e ir para aquele lugar cheio de luz ser aplaudida. E eu falei: " É isso que eu quero para a minha vida, né?". Ela me levava nos ensaios dela e um dia ela me olhou e eu estava imitando a coreografia,e ela perguntou: "Quer dançar?" E eu falei: "Quero!". E aí ela me botou para me apresentar junto com o grupo, eu tinha 5 anos. Essa foi minha primeira apresentação profissional. Minha mãe também é superavançada, para frente. Nos anos 1980, ela misturou ginástica rítmica, samba, break, e daí eu comecei a seguir essa carreira artística.

O que é ser humorista hoje para você?

Ser humorista nesse mundo de hoje é maravilhoso porque a gente tem sempre um olhar de conseguir ver graça nas coisas e, através do humor, a gente pode fazer várias críticas. O humor é essencial, principalmente nos tempos de tragédia e de crise.

O que te inspira a criar algo ou te empolga em um papel oferecido?

Eu sou muito movida a paixão, em todos os sentidos, em todos os setores da minha vida. Eu tenho que achar que eu vou fazer um trabalho incrível naquele personagem. Eu já tive que negar coisas para pessoas muito importantes porque eu pensei que não seria feliz fazendo isso. Eu prefiro ser feliz no palco e fazer uma coisa que eu realmente acredito do que fazer para agradar, para participar do game.

Você escolheu o poder da voz como seu poder para nossa capa. Você acha que as pessoas que têm espaço para usar a voz não estão fazendo isso ultimamente?

Eu vejo que tem muita gente com muita voz, com muito alcance, mas fingindo que nada está acontecendo. Eu acho uma pena, um desperdício, uma tristeza. Eu acho que, se tem uma pessoa na sua frente, você já tem poder de voz, então, eu jamais desperdiçaria esse alcance. Isso me dói, eu resolvi fazer essa reflexão e percebi que muitas pessoas acham também. Acho que está na hora de a gente ressignificar o uso das redes sociais e a potência vocal que temos.

Você entrou em furacão por se posicionar. Como tem lidado com as consequências desses posicionamentos?

Eu estou no olho do furacão porque parece que eu virei esculachadora geral da república. Ganhei esse cargo, mas não falaram nada de salário comigo, os trâmites burocráticos desse lugar aí não chegaram até mim. Eu não me sinto na obrigação de falar de tudo. Não estou aqui para apontar dedo para ninguém. Quando eu quero falar com alguém, eu vou no privado da pessoa e falo com ela. Eu jamais vou expor alguém, ou apontar: "Você tem que fazer isso, tem que fazer aquilo." Quem sou eu para fazer isso? Ninguém tem que fazer nada e nem eu, eu não tenho que falar na hora que as pessoas querem que eu fale.


Créditos de look

Lingerie, macacão e anel, tudo Gucci, preço sob consulta. Capa, acervo Casa Juisi. Botas, acervo.

Créditos de equipe

Direção de foto e vídeo: Yuri+Ana

Direção criativa: Luciano Schmitz

Edição de moda: Lucas Boccalão e Suyane Ynaya

Beleza: Robert Estevão

Produção executiva: Isabela de Paula

Produção de moda: Diego Tofolo e Fer Ferreira

Produção de arte: Anderson Rodriguez

Chefe de elétrica: Taffe

Operadores de câmera: Yuri Sardenberg e Leonardo Pinto

Manicure: Thayna Dandara

Assistente de direção e montador: Pedro Sousa

Assistente de fotografia: Renato Toso

1º assistente de câmera: Suelen Menezes

2º assistente de câmera: Mariana Porto

Assistente de elétrica: Jefferson Tchetchezinho

Assistente de beleza: Rodrigo Bernardo

Assistente de produção de moda: Thiago Torres

Camareira: Egle Doxum

Contrarregra: Ronaldo Junge

Equipamentos: Fábio Peres/Electrica Cinema e Vídeo, 3T Locadora e 22 Locações

Créditos de equipe entrevista

Direção de vídeo: Fabricio Barreto

Som direto: Rodrigo Paciência

Assistente de vídeo: Isabela Barreto

Entrevista: Ísis Vergílio e Nathalia Levy


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Pequena Lo como Grande Lo

Usando sua muleta como dispositivo para transformação, a Pequena Lo vira a super-heroína Grande Lo, que quer fazer com que as pessoas possam se enxergar da forma como elas realmente são.

"Quando eu comecei, muitas pessoas me conheciam como a Lorrane que anda de muleta. Hoje, eu sou a Pequena Lo, humorista e psicóloga."


Confira a nossa conversa com Pequena Lo

Você também é formada em psicologia. Como você une isso com o humor?

Nos meus vídeos, eu falo sobre psicologia, falo sobre terapia. Tem um humor, mas, ao mesmo tempo, tem a importância de cuidar da saúde mental. Isso é muito importante e não só porque eu fiz o curso, mas porque hoje eu convivo com pessoas ao meu redor com quem eu aprendo isso todos os dias. Comecei o curso na mesma época que eu lancei o meu canal. Eu não atuo na área, mas sempre estarei com a psicologia presente na minha vida, no meu cotidiano e nos meus vídeos.

Como você lida com bloqueios criativos?

O público está acostumado com você publicando vídeos todos os dias, duas ou três por dia, mas não é todo dia que a gente consegue, e isso é normal. Não quer dizer que você teve um bloqueio criativo num dia que tudo acabou. Isso não existe. Quando vem o bloqueio criativo, eu acho que é o corpo avisando que a gente tem que dar uma descansada. Hoje, eu escuto meu corpo, antes eu estava no automático. Já cheguei a gravar seis vídeos por dia, então chega um ponto em que você não aguenta. Você fica triste porque não está conseguindo pensar, não está conseguindo criar, e a crise de ansiedade vem, né? Eu tive que parar um pouco, voltar para minha terapia e cuidar de mim pra continuar seguindo com os meus conteúdos.

A Pequena Lo virou meme e figurinhas, qual é a sensação de se ver em contextos inesperados?

Eu acho muito louca essa viralização de figurinha, GIFs, ou o objeto que eu fiz do cigarrão de papel, sem nexo nenhum, e faz muito sucesso. São coisas, são objetos, caras e bocas e atitudes que eu faço que viralizam, e eu não esperava que seria assim. Eu tinha uma meta, mas não imaginava que seria esse público enorme me seguindo. Ainda estou nova nesse ambiente, mas fico muito feliz com o carinho porque era um sonho de criança que hoje em dia está sendo realizado.

Quais são suas principais referências?

Quando eu comecei eu não tinha uma referência, principalmente de pessoa com deficiência. E tive muito receio de começar na internet porque já tinha passado por algumas situações ruins, mas sempre pensei na maioria que gostava do meu trabalho, então isso me deu força para continuar. A partir do momento que eu comecei a ver que eu conseguia, eu continuei. Mas uma das minhas principais referências hoje, principalmente por ser mulher, é a Tatá Werneck. Eu sou muito fã dela, ela foi uma das primeiras humoristas que eu conheci e já me identifiquei com o jeito dela ser espontânea, ela é uma gênia.

Como funciona a questão do limite do humor para você? Quando você barra uma ideia?

Eu nunca fiz críticas às pessoas. Eu nunca quis falar sobre como a pessoa é para ser engraçada, imitar alguém ou falar sobre alguma dificuldade, alguma condição física do outro porque eu não concordo em ser engraçado assim. Eu falo de situações que geram identificação em quem está assistindo. É um humor leve que atinge da criança ao idoso e para mim é muito legal, ver que todo mundo me assiste, independemente da idade.

Como você se sente sobre os seus trabalhos passados e como você acha que evoluiu?

Foi tudo aprendizado. Quando comecei, eu falava sobre as minhas vivências, sobre assuntos muito importantes, mas ainda não era o que eu queria e eu fui trabalhar a criatividade, vendo que o talento pode ser muito mais do que você pensa quando você vai trabalhando ele. Eu estou desde 2015 nisso e a minha vida mudou da noite para o dia. Eu dormi anônima e acordei viralizada em todas as redes sociais. Confesso que durante uma semana não entendi nada do que estava acontecendo e hoje em dia eu olho pra trás e vejo que tudo valeu a pena.

Créditos de look

Top, calça e casaco, tudo Gucci, preço sob consulta. Botas, Lucas Regal, preço sob consulta. Brinco, Salvatore Ferragamo, R$ 1.560. Headpiece, acervo Casa Juisi.

Créditos de equipe

Direção de foto e vídeo: Yuri+Ana

Direção criativa: Luciano Schmitz

Edição de moda: Lucas Boccalão e Suyane Ynaya

Beleza: Robert Estevão

Produção executiva: Isabela de Paula

Produção de moda: Diego Tofolo e Fer Ferreira

Produção de arte: Anderson Rodriguez

Chefe de elétrica: Taffe

Operadores de câmera: Yuri Sardenberg e Leonardo Pinto

Manicure: Thayna Dandara

Assistente de direção e montador: Pedro Sousa

Assistente de fotografia: Renato Toso

1º assistente de câmera: Suelen Menezes

2º assistente de câmera: Mariana Porto

Assistente de elétrica: Jefferson Tchetchezinho

Assistente de beleza: Rodrigo Bernardo

Assistente de produção de moda: Thiago Torres

Camareira: Egle Doxum

Contrarregra: Ronaldo Junge

Equipamentos: Fábio Peres/Electrica Cinema e Vídeo, 3T Locadora e 22 Locações

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Direção de vídeo: Fabricio Barreto

Som direto: Rodrigo Paciência

Assistente de vídeo: Isabela Barreto

Entrevista: Ísis Vergílio e Nathalia Levy


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Esse Menino como Palhaça Conceito

Com o desejo de acabar com a heteronormatividade na comédia, Esse Menino interpreta uma palhaça conceitual, que, com seu boá, altera a realidade, deixando-a mais abrangente e diversificada.

"Nós temos um histórico muito opressor no humor no Brasil. Tem pessoas que até hoje acham que só se faz humor assim e elas devem ficar até frustradas de ver outras pessoas fazendo de outra forma. Evoluir nisso é muito necessário."

"Nós temos um histórico muito opressor no humor no Brasil. Tem pessoas que até hoje acham que só se faz humor assim e elas devem ficar até frustradas de ver outras pessoas fazendo de outra forma. Evoluir nisso é muito necessário."


Confira a nossa conversa com Esse Menino

Como foi o seu começo fazendo humor?

Em um certo momento da minha vida, eu decidi que eu queria ser engraçado. Não sou uma pessoa que naturalmente tem casos para contar, que na escola era o engraçadão da turma. Eu realmente via pessoas engraçadas existindo e falava: “Eu quero ser assim!” E aí, eu comecei a correr atrás e entendi que dava para estudar comédia, existe uma técnica. Quando vieram a internet, Orkut, MSN, eu comecei a usar na tentativa de achar um jeito de fazer graça. Meus depoimentos sempre eram piadela atrás de piadela, minhas comunidades eram todas engraçadinhas. Fui tentando performar da forma que eu achava que dava porque em cidade pequena não tinha muito teatro ou outros lugares para expressar isso.

Você ficou conhecido com um vídeo sobre política. É a área em que você quer se especializar?

O Brasil não colabora, dá muito pano pra manga (risos). Mas eu sempre escrevi do que eu vivo, das coisas que estão próximas a mim, então, meu interesse por política existe independentemente da minha profissão. Estou acompanhando a CPI e fico sabendo de e-mails que foram ignorados pelo queridão, Naro. Minha cabeça, em algum momento, fala: “Isso aqui dá pra gente fazer alguma coisa” e, a partir disso, acontece, não é um esforço. Não é: “Ah, hoje eu decidi que serei comediante político”. Eu falo sobre a vida e na vida tem política.

Quais são seus temas preferidos para escrever?

A comédia nacional sempre foi feita por homens héteros brancos cis e isso acaba se refletindo no que a gente entende como humor. Trazer uma perspectiva nova é sempre massa e eu gosto muito de falar sobre meu olhar gay do mundo. A gente fala de sexo e, quando a gente fala, falamos do sexo hétero. O sexo gay é uma categoria, mas, pra mim, o sexo é o gay. Então, eu trago isso no palco. Em noite de stand-up, eu sou a única bichinha da noite. No público, aquele tanto de cara, tomando cerveja, querendo falar de mulher, e chega eu falando de cu. Quer dizer, as coisas mudam. No fim, eu vou falar de política, vou falar besteira, vou falar de um tudo, eu falo da vida.

Qual é sua relação com stand-up?

Como eu trabalho muito com internet, eu não escuto as risadas que eu causo, eu recebo os “hahaha” os “kkkkk”. Mas eu gosto de escutar, eu gosto de ver gente rindo com a boca aberta, ver aquele tanto de dente. É realmente o que me dá a maior alegria, é uma adrenalina, é uma loucura. A primeira vez que eu fiz stand-up, eu já fui com muita sede, sabendo que é uma coisa da qual eu gostava muito, mas eu não imaginava que ia ficar tão viciado. Eu me mudei para São Paulo para estar mais perto do palco, porque aqui tem um circuito gigante de stand-up. Realmente foi uma sensação maravilhosa escutar a galera, de entender o que funciona. Às vezes, você tem uma piada que você acha que é bala, mas, você chega na hora, zero, ou tem uma que você não dá moral e a galera passa mal. É uma experiência inacreditável. Eu amo demais!

Stand-up é a coisa que eu acho mais inacreditável em relação à comédia. É realmente uma pessoa ali com o microfone na mão e falando: “Gente, eu sou tudo, venham me ver, eu tenho umas coisas massas para falar!”. E a pessoa se garante ali (nem sempre), mas a pessoa tem a promessa de que ela vai conseguir. Então, eu fui consumindo isso na internet, aprendendo formas de me posicionar no palco etc. Obviamente, era muita teoria, e quando eu fui lá no palco pela primeira vez, nem tudo era como eu achava, mas eu fui tendo jogo de cintura e aprendi muito.

Não vemos vídeos diários seus como vemos de alguns outros comediantes na internet. Você sente pressão para seguir o timing das redes sociais?

Essa questão do timing é muito louca porque realmente ajuda de certa forma, ajuda a engajar na internet. Mas eu tento não forçar se eu não tiver ideias. Obviamente, eu pratico muito, tento escrever no mínimo uma ou duas horas por dia e aí acaba que, nesse exercício, você pega um assunto que você não imaginaria que você pegaria. Mas eu lembro que na época de BBB, as pessoas falavam “tem que fazer um vídeo sobre isso agora, se não a Juliette vai fazer outra coisa e esse tema aqui já morreu”. As coisas acontecem em um tempo muito acelerado, então, se você entra nisso também, eu acho que reflete no seu resultado final. A questão do timing é importante, é uma coisa que eu levo em consideração, como no vídeo da Pfizer, que veio na hora certa, mas não é uma coisa em que eu não piro muito. Eu sou um pouco contra a maré em relação à internet.

O que você tem visto que tem te animado na cena da internet?

Eu fico muito feliz de ter amigos comediantes, é uma coisa que eu sempre quis ter e antigamente eu não tinha. Babu Carreira, Nathalia Cruz, por exemplo, são pessoas que eu vejo que têm a mesma vontade que eu de mostrar um lado novo, uma voz nova, de dar uma diversificada no que já existe em relação à comédia, tem muita coisa massa acontecendo.

Créditos de look

Jaqueta, Juliana Jabour, preço sob consulta. Calça, Walério Araújo, R$ 6.700. Botas, Eleven Eleven, preço sob consulta. Anéis de unha, Gansho, R$ 249, cada um.

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Direção de foto e vídeo: Yuri+Ana

Direção criativa: Luciano Schmitz

Edição de moda: Lucas Boccalão e Suyane Ynaya

Beleza: Robert Estevão

Produção executiva: Isabela de Paula

Produção de moda: Diego Tofolo e Fer Ferreira

Produção de arte: Anderson Rodriguez

Chefe de elétrica: Taffe

Operadores de câmera: Yuri Sardenberg e Leonardo Pinto

Manicure: Thayna Dandara

Assistente de direção e montador: Pedro Sousa

Assistente de fotografia: Renato Toso

1º assistente de câmera: Suelen Menezes

2º assistente de câmera: Mariana Porto

Assistente de elétrica: Jefferson Tchetchezinho

Assistente de beleza: Rodrigo Bernardo

Assistente de produção de moda: Thiago Torres

Camareira: Egle Doxum

Contrarregra: Ronaldo Junge

Equipamentos: Fábio Peres/Electrica Cinema e Vídeo, 3T Locadora e 22 Locações

Créditos de equipe entrevista

Direção de vídeo: Fabricio Barreto

Som direto: Rodrigo Paciência

Assistente de vídeo: Isabela Barreto

Entrevista: Ísis Vergílio e Nathalia Levy


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Emma como Supremmas

Acostumada a interpretar diversas personagens, a drag queen Emma encarna a super-heroína Supremma, que quer usar a sua habilidade de se transformar para se infiltrar no poder.

"A arte drag é ainda muito marginalizada no país e ver uma drag fazendo humor é assustador para algumas pessoas. Fazer drag queen é um ato político e conquistar respeito é difícil, mas a gente não desiste."

"A arte drag é ainda muito marginalizada no país e ver uma drag fazendo humor é assustador para algumas pessoas. Fazer drag queen é um ato político e conquistar respeito é difícil, mas a gente não desiste."

Confira a nossa conversa com Supremmas

Quando você começou a trabalhar com humor?

Eu criei a Emma em 2017, e tenho certeza que sem ela eu jamais chegaria a lugar algum. A Emma consegue fazer uma diversidade de personagens e tudo funciona muito por meio da voz. Às vezes, eu vejo um vídeo, e através dela eu crio a característica daquele personagem, sei qual maquiagem eu vou usar e consigo me adaptar ao vídeo que vou dublar.

Quais são seus temas preferidos? E como funciona o processo de criação dos vídeos?

Eu adoro recriar barracos. Reportagens também fazem muito sucesso. Eu tento ser o mais perfeccionista possível porque uma expressão, em um segundo, muda tudo. Recebo muitas mensagens com sugestões e aí vou para o meu quarto e começo a gravar. E aí vem a maquiagem, vem a peruca, a vozinha, às vezes é um sotaque mais forte, um pouquinho mais de humor.

Você consegue viver hoje criando conteúdo para o Instagram?

Uma vez eu conheci um menino e ele me perguntou: "Tu trabalha com o quê?" E eu falei: "Eu trabalho criando conteúdo para o Instagram". E ele: "Tá, mas tirando isso, tu trabalha com quê?" Algumas pessoas realmente têm essa dificuldade de entender que ali é o nosso trabalho. Quando comecei, eu comecei por amor, porque gosto de me maquiar e porque amo fazer drag, atuar. É uma paixão, está em mim desde criança. Mas, quando a gente grava um vídeo, a gente não ganha dinheiro em cima daquele vídeo, o que a gente ganha é elogio da galera. (risos) E eu faço para ver a galera lá interagindo, comentando e rindo mesmo. Mas a proposta de ganhar dinheiro vai além do vídeo em si, porque precisamos passar para as empresas os números que conseguimos alcançar, quantos views nos stories nós temos, por exemplo. Tem todo um trabalho por trás. Você precisa acordar de manhã cedo, já começar a gravar uma sequência de stories e prender o público. Os stories precisam ser criativos para que pessoas compartilhem, você ganhar mais seguidores e aquele núcleo de pessoas que está lá gere um engajamento maravilhoso para que aí sim você consiga começar a ganhar dinheiro.

Como você era quando criança?

Eu era bem extrovertido, mas um pouco reprimido, né? Até porque eu não era assumido, mas já era uma criança bastante afeminada, já sofria na escola por ter trejeitos afeminados. Eu guardava muito do que eu era por medo, mas, quando finalmente consegui me libertar, eu já era o que chegava na roda de amigos, falava, contava piada, brincava. Entrei para o grupo de dança, tentei entrar no grupo de teatro e fui me jogando em vários lugares. Foi assim que consegui fazer evoluir toda a questão da timidez, trazer o que estava escondido quando era criança e fazer tudo o que eu tinha vontade.

Quais são suas maiores inspirações?

A Tatá Werneck é uma das minhas inspirações, Whindersson [Nunes] também. Minha cidade é bem conhecida por ter artistas voltados para o humor, como a Raimundinha, que é incrível, o Didi, o Tom Cavalcante. O Tom é uma grande inspiração porque eu cresci vendo o programa dele. Isso na área do humor, mas, quando comecei a fazer performance, a maior inspiração foi a Beyoncé. Foi quando eu comecei a literalmente perder a minha timidez e me joguei.

Quais são seus próximos passos?

Eu continuo investindo na Emma. Quero fazer o meu trabalho ser muito mais reconhecido no Brasil, que mais pessoas cheguem até as minhas redes sociais. Queria levar o meu trabalho para a TV, fazer programa de humor, ter mais oportunidades e ter uma drag mais valorizada, né? Na minha cidade, tem muita drag, mas as oportunidades são poucas e eu tive a sorte e o talento de conseguir me destacar. Mas eu sei que posso ir além disso. As oportunidades pros LGBTQIA+ do Brasil ainda não são tão abrangentes, então a gente luta e trabalha para isso acontecer.


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Corset, Rober Dognani para Das Haus, R$ 1.650. Botas, Eleven Eleven, preço sob consulta. Braceletes, Tiffany & Co., a partir de R$ 6.550, cada um.

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Direção de foto e vídeo: Yuri+Ana

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Produção de arte: Anderson Rodriguez

Chefe de elétrica: Taffe

Operadores de câmera: Yuri Sardenberg e Leonardo Pinto

Manicure: Thayna Dandara

Assistente de direção e montador: Pedro Sousa

Assistente de fotografia: Renato Toso

1º assistente de câmera: Suelen Menezes

2º assistente de câmera: Mariana Porto

Assistente de elétrica: Jefferson Tchetchezinho

Assistente de beleza: Rodrigo Bernardo

Assistente de produção de moda: Thiago Torres

Camareira: Egle Doxum

Contrarregra: Ronaldo Junge

Equipamentos: Fábio Peres/Electrica Cinema e Vídeo, 3T Locadora e 22 Locações

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Direção de vídeo: Fabricio Barreto

Som direto: Rodrigo Paciência

Assistente de vídeo: Isabela Barreto

Entrevista: Ísis Vergílio e Nathalia Levy