Um oceano chamado Liniker

Dona de uma das vozes mais potentes do Brasil e em uma curta carreira artística, Liniker tem muita história para contar com apenas 26 anos. Foi nas rodas de samba que começou a absorver as suas grandes referências artísticas, que vão do pagode ao samba rock e passam por diversos segmentos oriundos da comunidade negra.

Entre 2015 e 2019, lançou Cru, Remonta e Goela abaixo (indicado ao Grammy Latino), todos como vocalista do projeto coletivo Liniker e os Caramelows. Foram inúmeras turnês, nacionais e internacionais, participações especiais e conexões inesquecíveis, que a prepararam para um novo momento: uma carreira solo e a estreia como atriz. Em 2021, viveu a protagonista Cassandra, na série Manhãs de setembro, da Amazon Prime Video, e se prepara para lançar, no mês que vem, Índigo borboleta anil, seu primeiro solo. “É importante sentir a transição de um momento para o outro. Eu me sinto madura agora e extremamente aterrada dentro do meu desejo, dentro da minha trajetória”, diz.

Forjada em uma sociedade que aniquila a produção de saber negra e LGBTQIA+, Liniker também sublinha a importância de olhar para si, da conexão com a ancestralidade como tecnologia de sobrevivência, e a relação com a espiritualidade, de reconhecer a sua grandiosidade não só profissionalmente, mas pessoalmente.

Nesta entrevista, a cantora ainda nos conta detalhes sobre o processo de criação do álbum, que nasceu durante o período pandêmico. Índigo borboleta anil tem muito groove, funk, samba, soul, jazz e influências da música preta mundial, além de participações especiais, como Milton Nascimento. “Foi um mergulho pra dentro e é doido falar desse mergulho porque a primeira música que eu escrevi, que não foi composta durante a pandemia, foi ‘Psiu‘, em que eu falo que ‘pra quem aprendeu a contar gotas cê aprendeu a nadar’. Então, de fato, foi dar um mergulho pra dentro desse mar, que eu não sabia o que era, e entender como é que eu ia nadar ali. Foi um grande desafio.”

Nesse turbilhão de emoções, Liniker assumiu o papel de embaixadora da Pantene, momento que é traduzido pela cantora com muita emoção e responsabilidade. “É claro que é legal falar de beleza, que é importante falar de empoderar o meu cabelo crespo. Principalmente sabendo o quanto minha mãe fica feliz. Mas quero que isso mude também politicamente a forma como os nossos corpos são vistos”, diz ela sobre a importância de ser embaixadora da marca o ano inteiro.

Confira no vídeo uma entrevista sensível e sincera, em que a artista abre o coração a respeito de carreira, beleza, ancestralidade, família, infância e referências artísticas e canta um trecho da faixa “Mel”, a última canção escrita do novo disco.