A Primeira Guerra Mundial e o nascimento do terror moderno.
Depois daqueles primeiros experimentos com a linguagem cinematográfica, que mais lembravam truques de mágica ingênuos, o terror rapidamente se desenvolveu. Havia motivo de sobra para isso. A Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918, matou 9 milhões dos 60 milhões de soldados que lutaram. Outros 21 milhões ficaram feridos. Cerca de 10 milhões de civis pereceram. Na mesma época, aconteceu tanto o genocídio armênio quanto a pandemia de gripe espanhola, que vitimou estimados 50 milhões de pessoas. O mundo anterior simplesmente deixou de existir. A morte, a dor e a desesperança faziam parte dos chamados loucos anos 1920, que terminaram na ascensão do nazifascismo.
Foi assim que nasceu o terror moderno no cinema, embebido na morte, na loucura, na falta de sentido, nos defuntos que voltavam para se vingar, em um mundo assombrado por fantasmas e seres monstruosos, mutilados, deformados. Na Alemanha, o expressionismo invade as telas de cinema, com cenários distorcidos, um mundo sem lógica, em longas como O gabinete do Dr. Caligari (1920), de Robert Wiene, Nosferatu (1922), de F. W. Murnau, e M, o vampiro de Düsseldorf (1931), de Fritz Lang. Tanto Murnau quanto Lang tinham lutado na guerra.
Nos Estados Unidos, que se tornavam uma potência mundial, era a hora dos personagens monstruosos. Com suas maquiagens elaboradas, Lon Chaney foi O corcunda de Notre Dame (1923), de Wallace Worsley, e O fantasma da ópera (1925), de Rupert Julian. Ambos eram humanizados por se apaixonarem por mocinhas. Os monstros sempre apareceram como alegorias, em geral, representando o medo do outro, fossem comunistas, negros, extraterrestres, imigrantes.