A rainha da
favela está
numanice

Com apenas 26 anos, Ludmilla se consagra como uma das maiores cantoras do país. Com números altíssimos, uma coleção de hits e muita coragem, ela celebra esse momento com Numanice e muitos projetos a serem lançados. A nossa estrela não para de crescer e conta, de coração aberto, tudo o que vem por aí.

A rainha da
favela está
numanice

Com apenas 26 anos, Ludmilla se consagra como uma das maiores cantoras do país. Com números altíssimos, uma coleção de hits e muita coragem, ela celebra esse momento com Numanice e muitos projetos a serem lançados. A nossa estrela não para de crescer e conta, de coração aberto, tudo o que vem por aí.

Por Ísis Vergilio
Fotos: Pedro Napolinário
Edição de Moda: Suyane Ynaya e Lucas Boccalão

“Bota o copo pro alto, vamos fazer um brinde. À nossa liberdade, à nossa felicidade.” Não há frase melhor para definir este momento de Ludmilla, pois motivos não faltam para a nossa Rainha da favela celebrar e comemorar. Primeira cantora negra da América Latina a alcançar o número de 1 bilhão de streams somente no Spotify e 2 bilhões de views no YouTube, ela é também a estrela desta edição de novembro da ELLE View ao lado de Alcione, sua musa. “Ela é ícone para mim. Eu nem consigo fingir costume perto dela”, diz sobre a rainha do samba.

A entrevista aconteceu na noite do dia 15 de novembro, dois dias após o show aberto do EP de pagode Numanice, que deu sold out absoluto. “Cara, parecia que eu estava pisando em um palco pela primeira vez”, comenta Ludmilla em êxtase e emocionada sobre o momento. “Foi um dos melhores dias da minha vida. Pode botar lá: um dos melhores dias da vida da Ludmilla.”

A virada para o pagode de Ludmila acontece em um momento de renovação do ritmo, que, como reportamos na edição de agosto da ELLE View, tem passado por um momento de reinvenção, formando mais mulheres pagodeiras em uma indústria majoritariamente masculina. “O pagode e o funk, para mim, são culturas que andam lado a lado dentro da periferia, dentro da baixada. Eu vim de lá e eu cresci ouvindo pagode e funk ao mesmo tempo.”

Cria da Baixada Fluminense, ela conhece bem o “peso da responsa” e se orgulha de estar contribuindo diretamente para mudar o curso da indústria da música ao se posicionar publicamente sobre determinados assuntos. Foi o que aconteceu, por exemplo, quando se manifestou sobre o Prêmio Multishow precisar revisar seus critérios e conceitos, no mês passado. Ao refletir sobre seus números impressionantes, ela também reforça o valor das oportunidades. “Eu fiquei pensando: ‘Como que isso ainda não tinha acontecido com tanta gente maravilhosa que tem aqui, como assim?’”, diz sobre os marcos que alcançou. “Por isso, vira e mexe eu faço playlist de artistas pretos em que eu acredito, que eu gosto, dos quais eu curto a música. Eu procuro divulgar nas minhas redes sociais. Procuro sempre estar ali, ajudando, porque eu quero que esse número cresça e que mais gente apareça, entendeu? Que tenha mais gente preta brilhando.”

Pensa que essa mulher já fez de tudo? Pois ela mostra que está apenas começando. Só nos últimos dois meses, foi lançado o filme Moscow (Amazon Prime Video), do qual ela participa, e o documentário Ludmilla ‒ Rainha da favela (Multishow). Ao mesmo tempo, ela está gravando a segunda temporada de Arcanjo renegado (Globoplay) e se dedicando ao seu novo projeto, LudBrisa, no qual é DJ. Ela ainda participou do podcast do Mano Brown, o Mano a mano, em uma conversa que vale a pena ser ouvida. Na música, acaba de lançar o single e o clipe de “Socadona” (Mr. Vegas e Mariah Angeliq), que promete ser o hit deste verão. “É uma fotografia colorida, linda, animada e pra cima, assim como a música.” Além disso tudo, Numanice 2 vem aí com a presença já confirmada de Alcione.

Aos 26 anos, a filha de dona Silvana Oliveira e a esposa de Brunna Gonçalves, se colocou à frente de sua própria carreira e tem carregado a honra e o legado da música brasileira com comprometimento, responsabilidade, respeito e amor. “Eu acho que o amor salva as pessoas. O amor muda as pessoas e foi isso que ele fez comigo.” É em clima de celebração que convidamos você a conferir a entrevista da rainha da favela.

Body, Raphael Lemos, R$ 2.180. Casaco, preço sob consulta, sandálias, preço sob consulta, brincos, R$ 3.900, e colar, R$ 13.723, tudo Dolce & Gabbana.

Lud, como você está se sentindo hoje? Está feliz de ser capa da ELLE junto com Alcione? 

Cara, está sendo um momento maravilhoso para mim. A ELLE é uma revista que eu sempre admirei muito, em que eu sempre quis estar. Nunca imaginei que um dia eu seria a capa e estaria aqui, falando com você. Está sendo um momento maravilhoso para mim, ainda mais junto com a Alcione, que é a minha musa inspiradora de toda a vida. Estou na melhor fase! 

Durante a entrevista com o Mano Brown (no podcast Mano a mano), você fala que é a pessoa que está gerindo a sua carreira agora. Como tem sido a experiência de ser a empresária do furacão Ludmilla? 

É, minha filha, dá muito trabalho. Quanto maior você vai ficando, é mais gente trabalhando para você. É mais compromisso que você tem que assumir. É mais cuidado que você tem que tomar com a imagem e com tudo. Eu só consigo com o apoio do meu time porque meu time está muito entrosado e alinhado. No início, foi bem assustador porque eu não mexia com a parte de empresariar a minha carreira. Eu só fazia o que o artista tem que fazer e ponto final. Eu dava alguns pitacos também, mas estar em um lugar agora de ter que resolver tudo me assustou de primeira. Eu pensei: “Caramba, agora eu não tenho para quem ligar para falar que tem que fazer isso ou aquilo. Não, eu mesma tenho que falar para eu mesma fazer”. Mas depois eu comecei a lidar muito bem. Gosto muito, muito, muito desse trabalho que estou fazendo de gerir a minha carreira. 

Você fez barulho quando decidiu não cantar no Prêmio Multishow. Essa decisão parece ter refletido de forma positiva, pois a chamaram para pensar em estratégias de como ser mais representativo e inclusivo. Como empresária, em quais aspectos você acha que a indústria fonográfica precisa avançar? 

Como empresária e também como artista, eu acredito que precisa avançar muito. Por muito tempo, deixaram pessoas no poder que não estavam acompanhando a nova geração e as novas produções. E as pessoas que não estão acompanhando a atualidade acabam ficando para trás. Eu acho que tem muita gente dessa no poder e isso é inadmissível porque a gente trabalha muito, e, nesse mercado, um precisa do outro, mas na hora do vamos ver não estava sendo assim. Então, eu gostei muito que eles (Multishow) me ligassem para discutirmos isso. O núcleo todo, tanto os telespectadores quanto os artistas, começou a me mandar mensagens de apoio. Muita gente veio falar comigo que já estava mais do que na hora de alguém abrir os olhos da indústria. De alguém dar uma chacoalhada para eles olharem, realmente, com mais carinho, com um olhar mais atencioso para tudo isso que está acontecendo. Hoje o mundo está voando. Você lança música e daqui a pouco você já tem que lançar outra semana que vem porque está tudo muito rápido. Então, botar uma galera no poder que não está acompanhando esse ritmo é sacanagem, né? 

"Muita gente veio falar comigo que já estava mais do que na hora de alguém abrir os olhos da indústria."

Querendo ou não, você é uma pessoa superjovem que traz um olhar mais oxigenado... 

Sim, é isso o que eu acho também. Mas, assim, não sou eu que trabalho lá com essas coisas. São eles que trabalham. Então, são eles que têm que se mover, se mexer. Infelizmente, eu precisei vir a público para falar. Não vá pensando que eu gostaria de estar fazendo isso. Eu fiz porque precisava, não porque eu queria, entendeu? Eu fiz porque, de verdade, eu estou com uma expectativa muito boa para o ano que vem. Eu acho que eles vão mexer... Eu acho não: eles falaram que vão mexer. E eu tenho esperança de que a nossa música brasileira ainda vai ser muito valorizada da mesma forma que as pessoas endeusam os artistas lá de fora, como eles endeusam as músicas lá de fora, sendo que é essa música aqui que eles consomem na balada. É essa música aqui que eles botam para tocar no churrasco. É essa música aqui que eles vão para a academia, entendeu? Na hora de dar a César o que é de César, eles não dão. Eu não falei nenhuma mentira e nenhuma versão da minha cabeça. Eu apresentei números concretos e foi isso. 

Você é uma pessoa bastante espiritualizada. Você acredita que sua música é espiritual? Me bateu forte quando você disse na entrevista com o Mano que, quando ninguém se importa com a Ludmilla humana, é só você e ele. 

Para mim, está tudo conectado. A minha música também. Ela é a minha espiritualidade. Inclusive, sábado, uma senhora de cabelo grisalho pegou o dinheiro, pagou o ingresso do meu show e conseguiu entrar em contato com a minha produção e me encontrar porque ela queria contar a história dela para mim. Ela me contou que estava em uma depressão muito profunda e conseguiu sair da depressão escutando as minhas músicas. Isso é muito importante para mim porque a minha música, de uma forma ou de outra, envolve as pessoas. A senhora deve ter escutado as minhas músicas mais animadas, as mais alegres, e isso a ajudou. Tem outras histórias de outras meninas que estavam tristes e que muitas vezes se sentem mal consigo mesmas, com a aparência, escutaram a minha música e se sentiram empoderadas. A Maju mesmo, apresentadora da Globo, me disse que, quando começaram a atacá-la, falando que aquele lugar não era para ela, ela botou as minhas músicas e isso a ajudou, elevou o espírito dela, sabe? E ela chegou lá na Globo com o pé na porta, arrasando.

Então, eu acho sim que a minha música está muito conectada à espiritualidade, à energia e eu gosto de me aprofundar nisso. Talvez muita gente não saiba, porque como eu canto funk e tal, eu sou mais da zoeira, e as pessoas acham que é tudo um oba-oba na minha vida, mas eu dedico 100% da minha vida à minha carreira. Eu cuido da minha voz como um atleta faz com as pernas e com os pés. Faço fono todo dia, faço exercícios com as minhas cordas vocais todo dia. Eu estou muito conectada nisso. Acho que é por isso que está tudo conectado para mim e para as pessoas que me escutam e me acompanham. 

Essa capa é uma dobradinha com a Alcione, artista que você declaradamente é muito fã. O que você sente fazendo parte de uma geração que herdou esse legado do samba, da música preta? 

Caramba, é maior responsabilidade, viu? É muita responsabilidade porque receber o bastão, amor, é uma parada muito incrível. Mas eu estou preparada porque, como eu te disse, eu estudo e me dedico muito. Abdico de muita coisa da minha vida para viver isso. Esse é o meu sonho! É levar a música, é dar inspiração, é dar alegria, é fazer as pessoas se conectarem. Muitas pessoas de fã-clubes são amigos, mesmo cada um sendo dono de um fã-clube, eles se conectaram, outros namoram e eu estou ali, fazendo parte da vida das pessoas, do dia a dia, mesmo que não presencialmente. Musicalmente, nas entrevistas, nas minhas redes sociais, nas músicas que eu canto, nas coisas que eu falo, eu me sinto muito honrada, muito abençoada porque eu sei o quanto tem de gente no mundo que canta muito, tem muitos talentos, mas não é reconhecido pelo seu dom e não consegue trabalhar com isso.

Então, eu me sinto muito abençoada de poder estar fazendo tudo o que eu gosto, tudo o que eu quero. Esse é o momento da minha vida que eu me assumi, que eu estou casada, fazendo as músicas e falando sobre os assuntos de que gosto, gravando o que eu quero. Cara, eu estou, assim, muito abençoada. E não é sorte, sabe? Não caiu do céu. Foi muito trabalho, muita luta, muita garra, muita mesmo, porque o tanto de porta que eu já recebi na cara, o tanto de não que eu recebi, já era para eu ter desistido.

A minha mãe sempre fala: “Filha, você é muito forte”. E é isso. Eu tenho a crença que a gente só vive uma vez, então, eu quero fazer a minha existência. Quero aproveitar o máximo possível que eu puder e fazer tudo o que eu amo e acredito. 


Macacão, Adriana Degreas, R$ 2.680. Casaco, Dolce & Gabbana, preço sob consulta. Sandálias, Alexandre Birman, R$ 1.890. Bracelete, R$ 3.000, pulseira, R$ 2.300, anel, R$ 1.500, tudo Swarovski.
"Eu tenho esperança de que a nossa música ainda vai ser valorizada da mesma forma que as pessoas endeusam as lá de fora, sendo que é essa música que eles consomem na balada. É essa música aqui que eles botam para tocar no churrasco. É essa música aqui que eles vão para a academia."

Você já deve ter lido muito nas suas redes sociais: “A Lud entrega tudo”. E você entrega mesmo, né? 

Você viu que agora eu virei DJ também? (risos) 

Eu vi! Inclusive, me conta sobre o LudBrisa? 

Então, o Numanice é tipo uma continuação das festas na minha casa porque só em casa que eu cantava pagode, tocava, eu era DJ. E a gente resolveu levar isso para a rua. E como o Numanice é meu xodozinho, eu quis acompanhar tudo de perto. Eu escolhi todos os DJs, a iluminação, o repertório. E aí eu quis também botar a LudBrisa, que era a DJ só lá de casa. Fiquei lá estudando, cheguei na hora e não errei nada. Fiquei muito feliz porque eu estava com medo de errar na controladora, já que na minha casa eu toco no celular. Eu estudei porque, como eu disse, quando é para fazer coisa para o povo, para a minha galera, para quem me curte, eu me dedico muito. Eu não errei uma virada e a galera dançou muito, curtiu. Eu arregacei e agora toda Numanice vai ter LudBrisa. A brisa da LudBrisa. 

Em algum momento, você sente que entregar tudo se torna uma pressão? Como você gere internamente essas cobranças pela perfeição, por não poder errar? 

É pressão o tempo inteiro porque quando você lança uma parada boa, muita gente espera coisa melhor. “Caramba, adorei, agora vamos ver o próximo que ela vai lançar”. E tem gente que torce para não ser bom o próximo: “Ah, esse é o máximo dela. Agora ela não vai conseguir fazer mais nada de bom”. Então, eu tenho os desafios dessas duas pessoas, de quem me ama e de quem me odeia. Mas é isso que me dá energia, isso é o que me dá forças e me faz sair dessa pressão e ir para a bolha de criatividade. Primeiramente, eu recebo a bolha de pressão, dos dois lados, e depois é a bolha de criatividade.

Eu tenho, com o coração em paz, uns dois álbuns garantidos de coisa boa. Mas, se eu não estivesse com o coração em paz, eu ainda estaria buscando as músicas, as letras, as batidas perfeitas. Mas eu tenho dois álbuns de 14 músicas que eu acho que a galera vai curtir demais, demais, demais.

Esses dois anos de pandemia me deram bastante tempo para criar, para fazer bastante coisa, porque, antes da pandemia, a vida era uma loucura. Esse período me fez crescer e amadurecer muito, sabe? Me fez olhar a vida com outros olhos, dar mais valor a algumas coisas, me desprender de outras também. Foi um período difícil, mas que me fez aprender muito. 

Um momento de bastante reflexão, né, Lud? Até queria que você comentasse como que foi esse show no último sábado. 

Parecia que eu estava pisando em um palco pela primeira vez. Sem falar a alegria de ver a minha família. A minha família, a minha base, estava ali, curtindo comigo. Minha mãe, minha avó chorando, minha esposa, meus amigos, todo mundo. E ainda um projeto que foi desacreditado por muita gente que já trabalhou comigo e que estava perto. Mas ele nasceu aclamado, nasceu sold out. Foi um dos melhores dias da minha vida. Pode botar lá: um dos melhores dias da vida da Ludmilla, primeiro dia de Numanice. 

Como foi a decisão de produzir um disco de pagode? Como rolou essa virada? E como você divide o funk e o pagode no coração e na mente? 

O pagode e o funk, para mim, são culturas que andam lado a lado dentro da periferia, dentro da Baixada. Eu vim de lá e eu cresci ouvindo pagode e funk ao mesmo tempo. Quando eu tive a ideia, eu dividi com a minha equipe e muita gente foi contra. Todo mundo falou: “Maluquice, maluquice, maluquice”.

Mas, quando eu boto uma coisa na cabeça, é mais fácil tirar a minha cabeça do que a coisa. (risos) Eu fiquei com isso de precisar fazer um álbum de pagode na cabeça até que eu comecei a gerir a minha própria carreira e comecei a botar tudo o que eu tinha no coração no papel e do papel para fora. Numanice era uma delas. A galera recebeu muito bem, mas, como foi pandemia, não pude ter contato pessoalmente com a galera. Esse foi o primeiro show e foi incrível. Com o Numanice, eu consegui o título de cantora pop mais ouvida do ano, para você entender como foi. 

Isso é muito simbólico. 

Foi muito simbólico, foi muito irado. Entre todas as cantoras maravilhosas que tem aí. O Numanice foi muito fora da curva. Pagode e funk são culturas que andam lado a lado. Na minha casa é isso: é pagode, intervalo, funk, pagode, intervalo, funk. Então, eu não estava fazendo nada que não era o meu mundo. É o meu mundo. Eu só não trabalhava com ele, mas sempre esteve na minha vida. 

"Receber o bastão é uma parada muito incrível. Mas eu estou preparada porque eu estudo e me dedico muito. Abdico de muita coisa da minha vida para viver isso. Esse é o meu sonho!"

E a Alcione está confirmada no Numanice 2? 

Ela está confirmada, ela está confirmada! Estou vivendo um sonho. A Alcione me chamou para o aniversário dela, na casa dela, você tem noção? Eu cresci ouvindo e a Alcione é ícone para mim. Eu nem consigo fingir costume perto dela, eu fico abraçando toda hora, apertando, fazendo entrevista. Enquanto a gente estava tirando foto, eu estava fazendo entrevista com ela. “Mas, e aí, o que você come? O que você ouve em casa? O que você faz?” Eu estava aproveitando. (risos) 

Com a realização desse sonho, você poderia dar um spoiler de como vem essa parceria ou de como vem o Numanice 2? 

Ah, o Numanice 2 vem com muita novidade e surpresa porque eu gosto de surpreender. Eu prefiro surpreender do que decepcionar. Então, eu não gosto de falar muito, mas eu posso dizer que vão ter surpresas impressionantes. Eu tenho certeza que a galera vai gostar e curtir muito. 

Gola alta, R$ 27.700, e colar, preço sob consulta, ambos Gucci. Casaco, Gucci e Balenciaga, R$ 27.700. Sandálias, Alexandre Birman, R$ 1.890. Anel, Balenciaga, preço sob consulta.
"Pagode e funk são culturas que andam lado a lado. Na minha casa é isso: é pagode, intervalo, funk, pagode, intervalo, funk. Eu não estou fazendo nada que não seja o meu mundo."

Acho muito lindo você e sua esposa, Brunna. Como uma mulher bissexual que sou, acho realmente importante vocês propagarem e vivenciarem o amor, ainda mais em um país como o nosso. Tem uma frase de uma pensadora negra chamada Juliana Borges que diz: “Uma mulher negra feliz é revolucionário”. Você acredita que o amor é revolucionário? 

O amor é muito revolucionário e o amor revolucionou a minha vida. A Brunna revolucionou a minha vida. Inclusive, no meu reality show, que saiu hoje, no primeiro episódio minha mãe fala que existe uma Ludmilla antes da Brunna e depois. Eu acho que o amor salva as pessoas, o amor muda as pessoas e foi isso que ele fez comigo. 

Você já disse que se não fosse cantora trabalharia com moda. Me conta mais desse desejo. O que na moda te inspira? 

Depois que eu virei cantora, que eu comecei a ganhar dinheiro e comecei a ter condição de me dar o que eu queria. Eu amadureci, comecei a ser ousada para usar coisas sem depender do que as pessoas vão achar, do que eles vão pensar. Comecei a me sentir bem com as minhas escolhas e a olhar com mais carinho ainda para a moda, querendo aquilo cada vez mais para a minha vida.

Uma inspiração que eu tenho muito grande, muito influente, é a Rihanna. Eu acho que a Rihanna leva a vida dela na moda, nas coisas que ela usa, na escolha de não usar sutiã ou usar umas roupas que ninguém nunca nem imaginou. Essa liberdade que ela tem de se expressar nas roupas dela, eu curto demais! Eu gosto muito da Ciara, também, dos decotes… Dessa galera que usa coisas fora da curva, que não segue tendência, mas cria tendência. Eu cresci vendo a Rihanna e agora eu estou aqui, também inspirando, curtindo a moda, me permitindo. Eu gosto muito de transcender a arte por todos os lados. 

No dia a dia, o que faz a Ludmilla se sentir viva, se sentir feliz, o que a emociona? 

O que me faz sentir viva é a minha música. Ela me faz sentir viva. Eu gosto muito de compor, de cantar, de mostrar as minhas canções. As que eu faço para a minha mãe, para a minha esposa. Eu alugo o ouvido da Brunna: “Bru, olha isso, você ouviu? Você gosta? Bru, olha isso. Bru, olha isso que eu ouvi, olha essa inspiração aqui, Bru”. (risos) Eu acordo todo o dia, pego o meu celular, vejo o que eu tenho para fazer e já pego o meu bloquinho de notas e metas. Todo dia, eu gosto de contribuir um pouquinho mais para alcançar o meu sonho.  

"Eu tenho, com o coração em paz, uns dois álbuns garantidos de coisa boa. Mas, se eu não estivesse com o coração em paz, eu ainda estaria buscando as músicas, as letras, as batidas perfeitas."

Você é a primeira artista negra da América Latina a alcançar a marca de 1 bilhão no Spotify. Concorreu ao Grammy. Foi a primeira artista a ganhar o título de artista do ano pelo prêmio Multishow. Entre tantos feitos. O que poderia destacar dessa jornada que mais emociona você? 

Eu sou muito desligada, mas fico muito feliz de estar recebendo todos esses títulos. Quando acontece alguma coisa ruim, eu pego e boto na balança: “Pô, mas eu consegui isso, isso e isso fazendo o que eu gosto. Então, eu tenho que continuar. Eu não posso desistir por causa disso aqui. Não vou desistir porque olha onde eu cheguei”. Eu sempre procuro equilibrar, mas uma coisa que me marcou muito, que eu fiquei muito emocionada, foi quando eu recebi a notícia que eu era a primeira mulher negra da América Latina a bater 1 bilhão (neste momento 1,7 bilhão de streams). Fiquei pensando: “Como que isso ainda não tinha acontecido com tanta gente maravilhosa que tem aqui. Como assim?” Aí, você para para olhar e prestar atenção na atmosfera, e vê que ainda falta oportunidade para a galera, ainda falta espaço. É uma em um milhão e não deveria ser assim porque tem muita gente preta talentosa que só precisa de espaço. Por isso, vira e mexe eu faço playlist dos artistas pretos em que eu acredito, que eu gosto, dos quais eu curto a música. Eu procuro divulgar nas minhas redes sociais, procuro sempre estar ali, ajudando, porque eu quero que esse número aí cresça e que mais gente apareça, entendeu? Que tenha mais gente preta brilhando. 

Se pudesse voltar no tempo e ir de encontro a MC Beyoncé, o que você diria? 

Eu diria o que já estava dentro da cabeça da MC Beyoncé. É falar para ela: “Não desiste, continua firme, aguenta firme que você é foda! Só presta atenção nas pessoas que estão ao seu redor, entendeu? Não seja tão ingênua para você não sofrer muito”. Como eu não tive a oportunidade de ter esse encontro, eu aprendi mesmo na dor, porque a dor ensina. Quando você não aprende, ela vem de novo. E eu aprendi muito como MC Beyoncé e como Ludmilla, e continuo aprendendo todos os dias. Só que hoje estou muito mais madura porque já passei por várias dessas dores. 

"Eu tenho, com o coração em paz, uns dois álbuns garantidos de coisa boa. Mas, se eu não estivesse com o coração em paz, eu ainda estaria buscando as músicas, as letras, as batidas perfeitas."

Ludmilla, a música da sua vida. 

“Fala mal de mim”. 

Um grande amor. 

Mamãe. 

Uma inspiração. 

Beyoncé. 

Para quem você cantaria: “Tá vendo aquela lua que brilha lá no céu?/ Se você me pedir eu vou buscar só para te dar”. Pra quem você cantaria? 

Senhora Brunna Gonçalves Oliveira. 

O feat dos seus sonhos? 

Ai, com a Beyoncé. 

Da sua discografia, tem algum especial? 

Todos são especiais, cada um na sua época. Todos os meus álbuns são como meus filhos, sabe? Eu estou parindo um filho e é muito emocionante. Mas, para escolher entre algum deles, A danada sou eu. 

E você está numanice? 

Estou mega numanice. Mulher, se eu ficar mais numanice, eu acho que estraga. 

Créditos

Maquiagem: Lucas Almeida
Cabelo: Vitor Malibu
Produção de moda: Ágatha Barbosa e Fabiana Pernambuco
Produção de arte e cenografia: Pedro Flutt
Produção executiva: Isabela de Paula
Tratamento de imagem: Bruno Rezende
Assistentes de foto: Gianfranco Vacani e Nathalia Atayde
Assistente de produção executiva: Carlos Henrique
Camareira: Damiana Pereira